A Bloomsbury, editora inglesa de “Harry Potter” e obras de vencedores dos prêmios Nobel e Pulitzer, acaba de publicar a coletânea de artigos "Filmmakers on Film – Global Perspectives" ("Teoria de cineastas – Perspectivas globais”, em tradução livre) co-organizada pelo cineasta documentarista e professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Eduardo Tulio Baggio, e por André Rui Graça e Manuela Penafria, docentes, respectivamente, da Universidade Lusófona e da Universidade da Beira Interior (UBI), de Portugal. 

Os 18 artigos constituintes da obra, dividida em três partes, propõem uma nova forma de expor e elaborar a teoria do cinema, cobrindo a lacuna existente entre seus pressupostos, o pensamento e a poética dos cineastas. Para a realização da tarefa, os autores partem de fontes primárias dos próprios profissionais do cinema, baseando-se em filmes, entrevistas, livros, textos e manifestos. 

Baggio, autor do livro "Documentário: filmes para salas de cinema com janelas" e do premiado filme “A alma do gesto”, abre a primeira parte da coletânea, que discute os conceitos de “autor”, “cineasta” e “espectador”, além do papel do investigador, intitulada “Filmmakers on Film: Setting the Field” (“Teoria de cineastas: Definindo o campo”, em tradução livre), por meio do artigo “From the Concept of Author to the Concept of Filmmaker” (“Do conceito de autor ao conceito de cineasta”, em tradução livre).  

A segunda seção, “Poetics and Filmmaking Processes” (“Poética e processos cinematográficos”, em tradução livre) avalia o processo criativo de uma ampla gama de cineastas, incluindo Jean-Luc Godard, Andy Warhol, Víctor Gaviria, Kleber Mendonça Filho, Agnès Varda, Abbas Kiarostami, Pa. Ranjith, Maya Deren e Nuri Bilge Ceylan.  

Já o terceiro e último segmento da coletânea, denominado “Films and Filmmakers’ Writings as Acts of Theory” (“Filmes e escritos de cineastas como atos de teoria”, em tradução livre), examina as diversas técnicas empregadas por cineastas, particularmente o uso de multi-imagens, pós-imagens (dialéticas) e a utilização do som como ferramenta sensorial e narrativa. 

O livro ainda discute as formas pelas quais cineastas se influenciam mutuamente e como o espectador é visto por eles, além de caminhos para expor criticamente uma filmografia que leve em conta o papel de cineastas e não apenas o de diretor. 

A cuidadosa seleção de artigos “Filmmakers on Film – Global Perspectives” faz jus ao título, uma vez que resulta da contribuição de pesquisadores de países como Estados Unidos, Reino Unido, Índia, China, Portugal, Bélgica, Nova Zelândia e Brasil, refletindo, de fato, a dimensão global da nova perspectiva cinematográfica apresentada pela obra.