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Inesquecível Dermeval

                                      

                                                                   

As palavras são inúteis.

Quando mais precisamos que elas nos socorram em momentos como este que estamos vivendo, as palavras são insuficientes.

De que nos servem as palavras, quando o coração apertado pela enorme dor da perda não consegue conter as emoções.

Sim, as palavras são inúteis, elas não suprem o vazio imposto pela ausência de alguém imprescindível à nossa existência, à nossa amizade, ao círculo familiar que se fecha na dor que dilacera a alma. 

As palavras são inúteis neste momento dominado pela angústia, pela sensação de um vazio que vai ganhando espaço, quando refletimos nos tempos difíceis que estamos enfrentando, como provação, como resistência de nossa fé e na esperança em dias gloriosos.

As palavras são inúteis neste tempo sem nenhuma glória, um tempo dominado pela carência do afeto, do calor do abraço amigo, do gesto acolhedor.

Em um tempo de profundas incertezas, fica-nos a atroz confirmação de sua partida, inesquecível Dermeval.

As palavras são inúteis; com que palavras alguém pode definir com justeza a existência de um homem dedicado à família, ao trabalho e aos amigos?

Como expressar em palavras o gesto amigo, o sorriso sempre aberto e acolhedor, a resposta sempre pronta, colhida no bom senso de quem experimentou, a vida inteira, o convívio amistoso entre seus pares?

As palavras são inúteis para definir uma vida que poderia ter sido diferente, não fosse a sua profunda e respeitosa abnegação ao trabalho perfeito, à busca de soluções para causas mais difíceis da vida e do trato universitário, inesquecível Dermeval.

Com que palavras quatro décadas de trabalho incansável, sempre retardando a tão sonhada aposentadoria, podem exprimir a arrojada dedicação a uma instituição de ensino superior, muitas vezes com o sequestro de horas preciosas da família?

Sim, amigo Dermeval, as palavras não são suficientes nesta hora dolorosa da separação, nesta hora em que temos a certeza de que somente a lembrança, a recordação do tempo vivido em sua companhia, será capaz de preencher, em parte, o enorme espaço da sua ausência.

Por isso, Dermeval, as palavras são inúteis; por isso, é preciso deixar falar o coração, deixar o transbordamento da alma inundar essas horas tristes, como compensação da perda inestimável de sua presença entre nós.

Se as palavras são inúteis, restam-nos as imagens dos dias bons, as ações pensadas, as atitudes bem dirigidas à procura das soluções mais apropriadas a cada situação.

 Então, amigo Dermeval, com a certeza de sua missão cumprida, você também pode dizer, como Manuel Bandeira:

“O meu dia foi bom, pode a noite descer.

  (A noite com os seus sortilégios.)

Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,

A mesa posta,

 Com cada coisa em seu lugar”.

Homenagem dos amigos da Unespar.